Reforma Agrária e Violência no Campo
Centro
de Justiça Global, Comissão Pastoral da Terra
e
Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
1.
Ano 2000 em perspectiva
Mortes,
violência e prisões na luta pela reforma agrária
Dados
da Comissão Pastoral da Terra (CPT) revelam que de
1988 até 2000, 1517 trabalhadores rurais foram assassinados
no País. De janeiro a novembro de 2000, ocorreram 12
assassinatos. Entre 1989 e 2000, o total de trabalhadores
rurais presos chegou a 1898. De janeiro a setembro de 2000,
o número de prisões chegou a 258.
No
transcorrer do ano, o Paraná foi o estado que mais
se destacou em arbitrariedades e violência contra trabalhadores
rurais sem terra. Desde o início do governo de Jaime
Lerner, em 1995, a CPT registrou 16 assassinatos de trabalhadores
rurais, 31 tentativas de assassinato, sete casos de tortura,
322 trabalhadores feridos e 470 presos, em 130 ações
de despejo.
Em
maio, mais de 1500 trabalhadores rurais, incluindo mulheres
e crianças, foram brutalmente reprimidos pela PM na
BR- 277, quando se aproximavam de Curitiba. Os policiais utilizaram
gás lacrimogêneo, cães treinados e balas
de borracha para reprimir a manifestação pacífica
dos trabalhadores. Utilizaram também balas de chumbo,
o que resultou na morte do lavrador Antônio Tavares
Pereira, assassinado com um tiro no abdômen. Estima-se
que o número de feridos chegou a 180.
O
estado do Pará também tem concentrado um grande
número de violações contra trabalhadores
rurais. Todavia, em junho deste ano, o fazendeiro Jerônimo
Alves Amorim foi condenado a 19 anos de prisão em razão
do assassinato de Expedito Ribeiro Souza, presidente do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria, no Sul do Pará,
ocorrido em fevereiro de 1991. Este julgamento representou
um marco importante contra a impunidade no País.
Este
ano ocorreu também o julgamento do massacre de Corumbiara.
Durante os 23 dias de julgamento, que ocorreu nos meses de
agosto e setembro em Porto Velho, Rondônia, nove policiais
militares foram absolvidos. Ao mesmo tempo, dois trabalhadores
sem terra e três policiais militares foram condenados
em razão do massacre de Corumbiara, ocorrido em 1995,
durante o despejo de 600 famílias da Fazenda Santa
Elina, no qual morreram nove sem terra e dois policiais. Durante
o julgamento, o promotor de justiça Tarciso Leite de
Mattos chamou os sem terra de "nazistas" e afirmou
que "ou o Brasil acaba com os sem terra ou eles acabam
com o Brasil". Esse promotor foi, posteriormente, afastado
do caso pela Procuradoria Geral de Rondônia, por pressão
de entidades religiosas e de direitos humanos.
Em
relação ao massacre de Eldorado dos Carajás,
o Tribunal de Justiça do Estado do Pará decidiu,
em outubro, anular a primeira sessão do julgamento,
quando os três principais comandantes das tropas da
Polícia Militar que participaram da operação
foram absolvidos, entre eles o coronel Mário Colares
Pantoja. O massacre ocorreu em abril de 1996, durante uma
operação da Polícia Militar do Pará
para desobstrução da rodovia que liga Marabá
a Paraupebas, resultando na morte de 19 trabalhadores rurais
sem terra e deixando mais de 70 feridos.
Integrantes
do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra assassinados
em 2000:
Dia
2 de fevereiro: o trabalhador José Lenilson da Silva,
27 anos, foi assassinado a tiros em Alagoas.
Dia
2 de maio: o lavrador Antonio Tavares Pereira, 38 anos, foi
assassinado pela PM do Paraná quando participava de
uma manifestação nas proximidades de Curitiba.
Dia
10 de junho: o trabalhador Wanderley Bernardo Ferreira, 31
anos, foi assassinado a tiros no acampamento Zumbi dos Palmares,
no Rio de Janeiro.
Dia
25 de julho: o lavrador José Marluci da Silva foi assassinado
pela PM de Pernambuco, quando participava de uma manifestação
em frente ao Banco do Brasil, em Recife.
Dia
25 de julho: o trabalhador Francisco Aldenir foi assassinado
por pistoleiros no município de Ocara, no Ceará.
Dia
19 de agosto: o adolescente Everson Rodrigues dos Santos,
12 anos, foi assassinado no acampamento Nova Amanhecer, em
Rondônia.
Dia
30 de agosto: os trabalhadores Silvio Rodrigues e Ronilson
da Silva foram assassinados por pistoleiros no município
de Brilhante, Mato Grosso do Sul.
Dia
6 de outubro: o militante Ribamar Godim foi assassinado a
tiros por pistoleiros em Caruarú, Pernambuco.
Dia
7 de outubro: o militante Manuel Neto foi assassinado com
um tiro, enquanto dormia, dentro de sua casa, no município
de Suzano, em São Paulo.
Dia
21 de novembro: o lavrador Sebastião da Maia foi assassinado
com um tiro na cabeça em Querência do Norte,
Paraná.
2.
Violência no Paraná
O
Paraná tem sido um dos estados brasileiros com maior
incidência de violações contra trabalhadores
rurais. No dia 2 de maio de 2000, cerca de 1500 trabalhadores
rurais sem terra foram fortemente reprimidos pela polícia,
a caminho da cidade de Curitiba. Eles estavam em 50 ônibus,
a 5km da cidade, quando foram barrados por policiais militares
na BR-277. Os policiais obrigaram os sem terra a saírem
dos ônibus e deitarem na beira da estrada, apontando
armas em direção a suas cabeças. Nesse
momento, muitos sem terra foram espancados por policiais.
Aqueles que tentaram fugir ou se defender foram atingidos
por bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha
e de chumbo. Os policiais atiraram bombas de gás lacrimogêneo
até mesmo dentro dos ônibus, atingindo mulheres
e crianças. Um grupo de cerca de 30 sem terra foi perseguido
pela polícia durante 2km. Eles acreditam que a polícia
utilizou balas de chumbo durante a perseguição,
ao mesmo tempo que eram atingidos por bombas de gás
lacrimogêneo atiradas de helicópteros. Cerca
de 180 sem terra foram feridos durante a operação.
Alguns feridos chegaram a ser ameaçados de morte por
policiais militares dentro do hospital.
Durante
a operação, o lavrador Antônio Tavares
Pereira foi assassinado com um tiro no abdômen. O governo
do Paraná reagiu imediatamente diante da morte de Antônio
Tavares Pereira, concentrando seus esforços para convencer
a opinião pública de que, primeiro, Antônio
não era integrante do MST. A versão oficial,
defendida pelo secretário de Segurança Pública
do Paraná, José Tavares, dizia que Antônio
Pereira teria sido encontrado na BR 116 e não
na BR-277, onde ocorreu o conflito. Ele garantiu também
que o conflito teve início às 10:40 da manhã,
e Antônio chegara ao hospital às 9:09. A versão
oficial foi contestada pelo delegado Fauze Hussain da Delegacia
de Homicídios de Curitiba, que confirmou a versão
do MST, de que o conflito teve início às 8:15
da manhã. Mesmo sabendo do equívoco, o secretário
José Tavares insistiu na versão de que a morte
não fora relacionada ao conflito com o MST. Pouco depois,
o delegado que contestou a versão oficial foi afastado
do comando das investigações.
Esse
episódio é decorrência de uma política
repressiva contra trabalhadores sem terra, a qual tem se agravado
principalmente no último ano. Em maio de 1999, a Secretaria
de Segurança do Paraná iniciou uma série
de despejos em acampamentos de famílias sem terra.
Nessa ocasião, o governo estadual acionou grupos de
elite da Polícia Militar, como o setor Anti-Seqüestro,
o Grupo Águia, os Grupos de Operações
Especiais (GOE e COPE), que cercaram as regiões onde
havia ocupações de famílias sem terra.
Esses setores da PM estão equipados com helicópteros,
viaturas, cães treinados para ataque a multidões,
policiais à paisana, indivíduos encapuzados
ou sem tarja de identificação, ambulâncias,
escopetas, fuzis, armas automáticas e lança
bombas, assim como câmeras fotográficas e de
vídeo.
No
dia 5 de maio de 1999, o Governo do Paraná iniciou
uma grande operação policial para despejar as
ocupações de famílias sem terra na região
de Querência do Norte. Somente nesta região,
a PM realizou 14 despejos, onde foram registrados casos de
tortura física e psicológica e de lesões
corporais, inclusive contra crianças. Durante estes
despejos foram presos 41 trabalhadores, registrando-se casos
de tortura e espancamento. Após os despejos, os policiais
queimaram pertences, barracos e alimentos das famílias
sem terra e destruíram suas plantações.
Essa prática continuou ocorrendo em 2000, quando foram
registrados despejos de centenas de famílias sem terra,
que perderam suas casas e suas lavouras. A PM do Paraná
continua utilizando métodos repressivos para realizar
as desocupações.
Apesar
disso, os assentamentos do MST no Paraná têm
alcançado altos índices de produtividade. A
safra de 1998/1999 indicou os seguintes números: 155
mil sacas de milho, na safra 98/99, 70 mil toneladas de mandioca,
150 mil sacas de arroz, 4,2 milhões de litros de leite,
gerando cerca de 1,5 milhão de reais em receita (ICM).
Estes números repetem-se por todo o Estado do Paraná
e revelam a viabilidade da reforma agrária.
Balanço
de 1999, sobre a violência contra trabalhadores rurais
no Paraná, realizado pela Comissão Pastoral
da Terra:
1.
35 despejos de fazendas, alguns realizados sem mandato judicial,
outros realizados durante a noite, em operações
da Polícia Especial ou de milícias privadas.
Pelo menos oito áreas eram fazendas já com processos
de desapropriação em andamento. Essas operações
foram filmadas pelo serviço secreto da PM. O oficial
que divulgou as fitas está sob proteção
do Serviço Federal de testemunhas.
2.
173 trabalhadores foram presos: a maioria sem mandato de prisão.
3.
Dois trabalhadores assassinados e duas tentativas de homicídio.
Em nenhum dos casos o inquérito identificou os criminosos,
embora nas regiões todos sabem quem são os mandantes.
4.
20 casos de ameaças de morte.
5.
Seis trabalhadores rurais foram presos e torturados por policiais.
Embora a tortura seja condenada com prisão sem fiança,
até hoje ninguém foi detido.
6.
Mais de 50 trabalhadores ficaram feridos nas operações
de despejos violentos.
7.
Realização de escuta telefônica nos escritórios
do MST e nos telefones das cooperativas. A própria
Corregedoria da Polícia condenou essa prática,
realizada ilegalmente.
8.
O Serviço Secreto da Polícia Militar continua
operando prioritariamente contra o MST, violando a Constituição,
que proíbe o uso dessa instituição contra
movimentos sociais.
9.
Perseguição política e prisão
do advogado da CPT, Dr. Darci Frigo. Ele tem recebido ameaças
de morte e esteve sob proteção policial.
10.
Da meta do governo de assentar 3 mil famílias, apenas
880 foram assentadas. Existem 80 acampamentos no estado, com
mais de 9 mil famílias.
3.
A Situação Agrária no Brasil
A
concentração de terra no Brasil é uma
das maiores do mundo. Menos de 50 mil proprietários
rurais possuem áreas superiores a mil hectares e controlam
50% das terras cadastradas. Cerca de 1% dos proprietários
rurais detêm em torno de 46% de todas as terras. Dos
aproximadamente 400 milhões de hectares titulados como
propriedade privada, apenas 60 milhões de hectares
são utilizados como lavoura. O restante das terras
estão ociosas, sub-utilizadas, ou destinam-se à
pecuária. Segundo dados do Incra, existem cerca de
100 milhões de hectares de terras ociosas no Brasil.
Segundo
o censo de 1995, existem cerca de 4,8 milhões de famílias
de trabalhadores rurais "sem terra", ou seja, que
vivem em condições de arrendatários,
meeiros, posseiros ou com propriedades de menos de 5 hectares.
A Constituição brasileira determina que as terras
que não cumprem sua função social devem
ser desapropriadas para fins de reforma agrária. A
função social da terra é determinada
de acordo com o nível de produtividade, além
de critérios que incluem os direitos trabalhistas e
a proteção ao meio ambiente.
O
Brasil produz apenas 75 milhões de toneladas de grãos
por ano. Esse número é quatro vezes menor do
que a média de produção em países
com condições climáticas e de solo iguais
ou piores. Segundo o Censo Agropecuário, entre 1985
e 1996, a redução de áreas com lavouras
permanentes foi de 2 milhões de Ha e as áreas
com lavouras temporárias foram reduzidas em cerca de
8.3 milhões de Ha. De 1980 a 1996 a área cultivada
diminuiu 2% e a população aumentou 34%. Na década
de 80, o Banco do Brasil investia em torno de 19 bilhões
de dólares na agricultura. Entre 1994 e 1998, a média
de financiamentos foi de 6 bilhões de reais por ano.
Entre 1980 e 1996, a renda média de todos os agricultores
diminuiu 49%.
As
melhores terras destinam-se à monocultura de cultivos
para a exportação como cana, café, algodão,
soja e laranja. Ao mesmo tempo, 32 milhões de pessoas
passam fome no país e outras 65 milhões de pessoas
alimentam-se de forma precária. Desses 32 milhões
que passam fome, metade vive no meio rural. Segundo estatísticas
oficiais, cerca de 30 milhões de pessoas migraram do
campo para as cidades, no período de 1970-1990. O contingente
de trabalhadores rurais diminuiu em 23% de 1985 a 1996. Hoje
mais de 77% da população brasileira vive nas
cidades.
De
acordo com o censo de 1995, existem cerca de 23 milhões
de trabalhadores no meio rural, sendo que apenas 5 milhões
são classificados como assalariados rurais (permanentes
ou temporários). Cerca de 65% dos assalariados rurais
não possuem carteira assinada e apenas 40% desses trabalhadores
possuem trabalho o ano todo. Muitos desses trabalhadores chegam
a trabalhar até 14 horas por dia. Nesse contexto, as
mulheres e as crianças são as mais vulneráveis.
As maioria das mulheres realizam dupla jornada de trabalho,
dedicando-se à produção e ao trabalho
doméstico. Muitas mulheres e crianças que trabalham
no meio rural não recebem remuneração.
Uma pesquisa baseada no PNAD/1995 verificou que cerca de 4
milhões de crianças entre 5 e 14 anos trabalham
no meio rural nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do
país, o que representa mais de 11% dessa população.
Somente 29% das crianças que trabalham recebem remuneração.
Entre as crianças de 5 a 9 anos, somente 7% recebem
remuneração. Um grande número de crianças
no meio rural não tem acesso à educação
e, entre os adultos, o nível de analfabetismo chega
a 70% em algumas regiões.
Segundo
o Censo Agropecuário de 1996, realizado pelo IBGE,
houve um aumento da concentração de terra nas
duas últimas décadas. Em 1970, os estabelecimentos
com menos de 100 Ha representavam 90.8% do total de estabelecimentos,
detendo 23% da área. Em 1996, esse número foi
de 89,3%, detendo 20% da área total. Em contraposição,
em 1970, os estabelecimentos com área acima de 1.000
Ha representavam 0.7% do total e detinham 39,5% da área.
Em 1996, esses estabelecimentos passaram a representar 1%
do número total e acumular 45% da área. Entre
1985 e 1996, constatou-se a diminuição do número
de estabelecimentos agrícolas de 5.801.809 para 4.859.865,
registrando-se portanto uma diferença de 941.944. Essa
diminuição equivale a 61% da área total
plantada com grãos na safra de 1997/1998. Entre 1994
e 1998, 400 mil pequenos agricultores perderam suas terras
e 800 mil trabalhadores rurais perderam seu emprego.
Atualmente,
os estabelecimentos agrícolas estão divididos
da seguinte forma:
-
4,3 milhões com áreas inferiores a 100 Ha;
-
470 mil com áreas de 100 Ha a menos de 1.000 Ha;
-
47 mil com áreas de 1.000 Ha a menos de 10.000 Ha;
-
2,2 mil com áreas a partir de 10.000 Ha; e o restante
sem declaração.
De
acordo com o Censo de 1996, o nível de produção
dividi-se da seguinte forma:
-
os estabelecimentos inferiores a 100 Ha respondem por 47%
do valor total da produção agropecuária;
-
os estabelecimentos de 100 Ha a menos de 1.000 Ha respondem
por 32% desse valor;
-
os estabelecimentos entre 1.000 Ha e 10.000 Ha participam
com 17% do valor total;
-
os estabelecimentos acima de 10.000 Ha respondem por 4% do
valor total.
Em
relação à mão-de-obra, constatou-se
o seguinte:
-
os estabelecimentos com menos de 10 Ha absorvem 40,7% da mão-de-obra;
-
os de 100 Ha a 1.000 Ha absorvem 39,9% da mão-de-obra;
-
os acima de 1.000 Ha absorvem 4,2% da mão-de-obra.
Constata-se,
portanto, que a realização da reforma agrária
no Brasil é fundamental para resolver problemas econômicos
e sociais no país.
4.
A política de reforma agrária do governo brasileiro
O
Governo brasileiro está descumprindo o artigo 11, nº
2, letra "a", do Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, que estabelece a obrigação
dos Estados Partes de "Melhorar os métodos de
produção, conservação e distribuição
de gêneros alimentícios pela plena utilização
dos conhecimentos técnicos e científicos, pela
difusão de princípios de educação
nutricional e pelo aperfeiçoamento ou reforma dos regimes
agrários, de maneira que se assegurem a exploração
e a utilização mais eficazes dos recursos naturais".
Reagindo
às pressões desencadeadas por trabalhadores
rurais e agricultores familiares em todo o país, o
governo federal anunciou, no dia 04 de maio de 2000, um conjunto
de medidas relacionadas à questão agrária.
No dia 05 de maio, organizações de trabalhadores
rurais, articulados principalmente pelo MST, CUT, Contag,
MPA Movimento dos Pequenos Agricultores, CPT, MAB
Movimento dos Atingidos por Barragens, Frente Sul da Agricultura
Familiar e MLST Movimento de Libertação
dos Sem Terra, divulgaram uma nota sobre as medidas do governo,
condenando a "desvirtualização" do
programa de reforma agrária. Essas entidades reivindicam
uma efetiva política de reforma agrária no Brasil,
combinada com uma nova política agrícola voltada
para os interesses nacionais, e para a democratização
dos seus instrumentos.
Entre
as medidas divulgadas, o governo não acenou com a possibilidade
de novos recursos para a reforma agrária e para o Pronaf.
Observe-se a evolução das dotações
do Incra durante o governo FHC, em valores nominais: 1995,
1.3 bi; 1996, R$ 1.4 bi; 1997, R$ 2 bi; 1998, R$ 2.2 bi; 1999,
R$ 1.3 bi e; 2000, R$ 1.3 bi. Segundo dados do próprio
governo, de janeiro a novembro de 2000, foram aplicados somente
35% dos recursos previstos no orçamento anual para
a reforma agrária.
Em
2000, a política de reforma agrária do Governo
se concentrou em medidas repressivas contra trabalhadores
rurais, incluindo a incriminação das ocupações
de terra e prédios públicos, corte de verbas
para produção e assistência técnica
nos assentamentos, morosidade nos processos de desapropriação,
e repressão direta a movimentos sociais, inclusive
com o anúncio de seu enquadramento na Lei de Segurança
Nacional.
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