Introdução
O
relatório da Rede Social de Justiça e Direitos
Humanos é fruto do trabalho coletivo de muitas pessoas
e da contribuição de muitas organizações.
O conteúdo desse relatório reflete o triste
panorama dos direitos fundamentais no País, mas representa
também a dedicação dos movimentos sociais
em defesa da cidadania e da dignidade.
No
primeiro capítulo, intitulado "O passado ainda
é presente", são abordados três temas:
"A tortura nas Forças Armadas", que destaca
os graves problemas enfrentados pela corporação,
como o grande número de alcoólatras e usuários
de drogas, além da prática sistemática
da tortura entre os seus próprios componentes; "A
espionagem do Exército e a questão dos mortos
e desaparecidos políticos", mostrando que integrantes
dos movimentos sociais continuam sendo considerados "subversivos"
e perseguidos pelo Exército; e "Vala de Perus",
uma retrospectiva da vergonhosa história de descaso
em relação às vítimas da ditadura
militar e a transferência de cerca de mil ossadas da
Unicamp para o Cemitério do Araçá, em
São Paulo.
A
segunda parte tem como tema "Violência urbana e
justiça". Os textos abordam o resultado do julgamento
do Massacre do Carandiru, que ficou conhecido como a maior
matança da história das penitenciárias
brasileiras; a absolvição dos quatro policiais
envolvidos na chacina de São Bernardo do Campo, no
ABC Paulista; e a violência na Avenida Paulista durante
um protesto contra a criação da Alca (Área
de Livre Comércio das Américas), onde 69 pessoas
foram presas, das quais 40 eram menores, e 100 pessoas foram
feridas.
O
relatório enfoca, em sua terceira parte, a violência
rural e a luta pela terra, incluindo os seguintes temas: trabalho
escravo no âmbito rural; a violência crescente
contra trabalhadores rurais no Sul e Sudeste do Pará;
o julgamento dos policiais acusados pelo assassinato de 19
trabalhadores rurais em Eldorado dos Carajás; a impunidade
no caso Margarida Alves, líder sindical morta há
18 anos com um tiro no rosto em frente à sua casa,
na Paraíba; as conseqüências da construção
de grandes barragens no Brasil, causando o deslocamento de
milhares de pessoas; o entrave na demarcação
das terras indígenas _ até 31 de julho, das
756 terras computadas, 442 continuavam pendentes _; e as obras
inacabadas contra a seca, que já despenderam cerca
de 830 milhões de reais.
O
quarto capítulo do relatório é dedicado
à questões relativas aos Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais. Entre estas, destacamos as reivindicações
dos movimentos afrobrasileiros na Conferência Mundial
Contra o Racismo; a luta das comunidades quilombolas contra
os deslocamentos causados pelo Centro de Lançamentos
de Alcântara, no Maranhão; as desigualdades raciais,
a situação das mulheres trabalhadoras no Brasil
e uma análise do papel das delegacias de mulheres.
Esse capítulo inclui também o caso de 21 meninos
pobres que apareceram mortos no Maranhão e tiveram
seus órgão genitais extirpados, os números
do trabalho infantil no País e a realidade nos cortiços
em São Paulo, onde vivem, pelo menos, 600 mil pessoas.
"A
Era dos direitos em tempos de terror" é o título
da última parte deste trabalho. As perspectivas para
uma justiça global, o terrorismo de Estado, as atuais
doutrinas de Segurança Nacional e os direitos humanos
na era da globalização são temas de análise
da conjuntura nacional e internacional.
A
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos gostaria
de agradecer a todos e todas que contribuíram com esse
trabalho. Esperamos que esse relatório sirva de instrumento
para a construção de uma sociedade mais justa.
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