Introdução
Em seus artigos, o presente relatório traz dados importantes
sobre os direitos humanos no Brasil ao longo dos últimos
anos. Abaixo destacamos algumas das principais estatísticas
constantes nesta obra.
Trabalho
escravo Em 2000, era 465 o número conhecido
de trabalhadores escravos nas zonas rurais. De janeiro a novembro
de 2002, esse número subiu para 4.312. Cerca de 5 mil
trabalhadores piauienses estão sendo escravizados em
vários estados brasileiros. No âmbito urbano,
a Pastoral do Migrante de São Paulo estima que 120
mil clandestinos estejam trabalhando como escravos na cidade.
Povos
indígenas O Conselho Indigenista Missionário
(Cimi) calcula que existam hoje 758 terras indígenas,
das quais 237 (31,36%) tiveram concluídas todas as
etapas de sua demarcação administrativa. Enquanto
isso, 506 terras indígenas (66,73%) ainda se encontram
pendentes de várias etapas do procedimento demarcatório.
Conflitos
pela terra Nunca houve uma política de reforma
agrária no Brasil. Os números relativos à
última década são expressivos: 7.126
conflitos, 5.642.265 pessoas, 32.236.653 hectares. No ano
de 2002, a situação do trabalhador rural não
melhorou. O setor de documentação da Comissão
Pastoral da Terra (CPT) registra, de janeiro a agosto deste
ano, 16 trabalhadores assassinados, sendo 6 no Pará,
3 no Piauí, 2 na Bahia, 2 em Pernambuco, 1 em Alagoas
e 1 em Rondônia. Foram 261 manifestações,
envolvendo 198.060 pessoas nos primeiros oito meses de 2002.
Neste mesmo período, houve 20 tentativas de assassinato,
73 pessoas ameaças de morte contra 15 no ano
passado , 37 trabalhadores agredidos fisicamente e 10
torturados, além de 111 casos de prisões.
Tortura
A Campanha SOS Tortura registrou 23.546 ligações,
sendo que, desse total, 1.590 foram convertidas em alegações
de tortura. Em 54,12% das ligações o telefone
ficou mudo. O pedido de orientação e informação
corresponde a 17,53% das alegações; 15,53% são
registradas como trotes e 5,21% se convertem em alegações
de tortura.
Campanha
anti-manicomial Existem cerca de 60 mil leitos no Brasil.
Destes, cerca de 80% pertencem a uma rede privada conveniada
que consome quase meio bilhão de reais por ano dos
recursos do SUS. Desse toral, cerca de 20 mil leitos estão
ocupados por pacientes-moradores. Este é o retrato
perverso da psiquiatria. São pessoas completamente
abandonadas pela família e sociedade, que representam,
individualmente, um gasto de R$ 1.000,00 ao Estado.
Crianças
e adolescentes - Existem cerca de 550 mil crianças
e adolescentes trabalhando em casas de terceiros no Brasil.
O Nordeste concentra o maior índice de casos de trabalho
infantil doméstico: 33,15%. Em seguida, vem o Sudeste,
com 30,76%.
Emprego
Em uma década, tivemos um crescimento de 9 milhões
de desempregados. Somente na Grande São Paulo, 20%
da população economicamente ativa está
desempregada. Significa que a cada 5 trabalhadores, 1 está
sem emprego. O Relatório de Desenvolvimento Humano
de 2001, divulgado pela ONU, mostra que, em comparação
com o ano 2000, o percentual de pessoas que vivem com até
US$ 1 por dia, no Brasil, subiu de 5,1% para 9%. As pessoas
que ganham até US$ 2 por dia passaram de 17,4% para
22%.
Educação
- O índice de analfabetismo encontrado no censo de
2000 identifica um universo de 16 milhões de pessoas,
ou seja, 16,63% da população acima de 14 anos
não têm o domínio da leitura e da escrita.
No Brasil há cerca de 50 milhões de pessoas
acima de 14 anos, quase 34% da população nesta
faixa etária, que não concluíram as quatro
primeiras séries do ensino fundamental.
Habitação
- Atualmente, em São Paulo, dois milhões de
pessoas vivem em condições absolutamente precárias,
como em favelas. No centro da cidade existem centenas de cortiços,
como vemos particularmente nos bairros de Bela Vista e Brás.
O Movimento Nacional de Luta pela Moradia estima que são
30 mil famílias morando em imóveis ocupados,
somente na capital paulista. O Movimento de Moradia do Centro,
que congrega as pessoas que lutam pela moradia digna no centro
de São Paulo, reúne por volta de 3.000 pessoas
cadastradas, número que aumenta continuamente.
Aids
- No final de 2001, 40 milhões de pessoas viviam com
HIV/AIDS em todo o mundo. Desse total, 95% estavam em países
em desenvolvimento e menos de 1 milhão estariam recebendo
tratamento. Foram 3 milhões de mortes em 2001. O Brasil
se tornou uma liderança ao garantir o acesso a medicamentos
para pessoas com AIDS registradas nos serviços públicos
de saúde. Em torno de 10% das pessoas que, globalmente,
estão recebendo medicamentos são brasileiras.
Tal política fez o Sistema Único de Saúde
poupar mais de 1 bilhão de dólares e diminuiu
em 54% a mortalidade em São Paulo e 73% no Rio de Janeiro.
Fome - Apesar de diversos estudos demonstrarem que é
possível produzir alimentos suficientes para toda a
população mundial, 826 milhões de pessoas
continuam sofrendo de desnutrição crônica.
A cada ano, 36 milhões de pessoas morrem em conseqüência
da fome no mundo. O Relator Especial da ONU sobre o Direito
à Alimentação, Jean Ziegler, caracteriza
essa situação como sendo um genocídio
silencioso. Ele alerta também para o fato de
que mais de um bilhão de pessoas no mundo não
têm acesso à água encanada; cerca de 2,4
bilhões de pessoas não possuem saneamento básico
e 2,2 milhões de pessoas morrem de diarréia
por ano, sendo que a maioria são crianças.
Dívida
externa O total da dívida externa saltou de
148,29 bilhões de dólares, em 1994, para 236,16
bilhões, em 2000. No mesmo período, o país
pagou o montante de 75,89 bilhões de dólares
em juros e 218,80 bilhões em amortizações,
o que perfaz um total de 294,69 bilhões de dólares.
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