Em 2000 era 465 o número conhecido de pessoas utilizadas
como trabalhadores escravos nas zonas rurais do Brasil. De
janeiro a novembro de 2002, esse número subiu para
4.312. A CPT no Piauí denuncia que cerca de 5 mil trabalhadores
piauienses estão sendo escravizados em vários
estados brasileiros. No âmbito urbano, a Pastoral do
Migrante de São Paulo registra pelo menos 120 mil clandestinos
trabalhando como escravos na cidade.
Decuplicam
casos de trabalho escravo
no Brasil nos últimos três anos
Evanize
Sydow[1]
Dados
da Comissão Pastoral da Terra (CPT) revelam estimativas
de que o Brasil tem, atualmente, cerca de 15 mil trabalhadores
escravos. Nos últimos três anos, os números
aumentaram em dez vezes. Em 2000 era 465 o número conhecido
de pessoas utilizadas no regime de escravidão. Segundo
o setor de documentação da CPT, de janeiro até
o início do mês de novembro deste ano, 4.312
casos foram registrados. No âmbito urbano, os dados
também são assustadores. Registros da Pastoral
do Migrante de São Paulo são de que moram 350
mil pessoas de forma clandestina na cidade e, destas, 120
mil desenvolvem atividades análogas à escravidão.
No exterior também há casos de brasileiros trabalhando
como escravos. É o caso do Suriname, onde cerca de
40 mil paraenses e maranhenses vivem de forma subumana, trabalhando
12 horas por dia e sem nenhum direito[2]. O presente artigo
tem o objetivo de trazer a público um diário
sobre o trabalho escravo no Brasil em 2002.
13/2/2002
Reportagem
do jornal O Globo mostra que foi recorde o número de
trabalhadores sob o regime de escravidão libertados
em 2001. Fiscais do Ministério do Trabalho libertaram
1.600 pessoas em todo o Brasil. Em 1996 foram 200.[3]
13/3/2002
Libertados,
pelos fiscais do Ministério do Trabalho, 130 trabalhadores
rurais da Fazenda do Prata, em Pedra Preta, Mato Grosso. As
condições de trabalho eram precárias:
os trabalhadores não tinham água potável,
dormiam em locais degradantes e não possuíam
carteira assinada. Os fiscais interditaram a fazenda.[4]
19/3/2002
Cerca
de 50 trabalhadores rurais são encontrados em situação
análoga à escravidão em uma fazenda do
deputado federal Inocêncio Oliveira (PFL-PE), localizada
entre os municípios de Gonçalves Dias e Senador
Alexandre Costa, no Maranhão. Vinte e cinco ex-trabalhadores
da fazenda fizeram a denúncia numa Delegacia do Trabalho
do Piauí.[5]
25/3/2002
Denúncia
de trabalho escravo no Brasil é estampada na primeira
página do jornal norte-americano The New York Times.
Segundo a reportagem, acordos políticos entre fazendeiros
e autoridades locais, ineficiência da reforma agrária
e altos índices de desemprego são os principais
incentivos ao trabalho escravo.[6]
3/4/2002
Realizada
reunião da Comissão Especial do Conselho de
Defesa da Pessoa Humana, na sede do Ministério da Justiça,
quando fica decidida constituição de um dossiê
oficial do governo sobre o trabalho escravo, o empenho para
a reformulação mais explícita do conceito
de trabalho escravo no artigo 149 do Código Penal de
pressionar a votação definitiva e o confisco
no caso de trabalho escravo.
4/4/2002
Matéria
publicada no jornal O Estado de S. Paulo mostra que o governo
brasileiro está sendo acusado na ONU de não
trabalhar para evitar o trabalho forçado no País.
A acusação foi feita por um grupo de organizações
não-governamentais nacionais e internacionais. A assessora
de Comunicação de Direitos Humanos da ONU informou
que as denúncias seriam apuradas.[7]
11/4/2002
Operação
de fiscalização do grupo móvel resgata
100 trabalhadores rurais em situação de escravidão
na fazenda São Roberto, município de Santana
do Araguaia, no Pará.
16/4/2002
Dez
procuradores da República de vários Estados
assinam documento de apoio à proposta de Emenda Constitucional
nº 438/01, que altera o artigo 243 da Constituição
Federal, permitindo a expropriação imediata
das terras em que ocorra a exploração de trabalho
escravo. Três foram os motivos: agravamento da prática
de trabalho escravo este ano, principalmente no sul do Pará,
insuficiência das previsões criminais para a
erradicação do trabalho escravo e a reincidência
das fazendas flagradas em prática de trabalho escravo.[8]
Vinte
e oito trabalhadores rurais, fugitivos de uma fazenda da região
de Novo Repartimento no sudeste do Pará, chegam em
Marabá, exaustos, depois de quatro dias de viagem a
pé e de carona. Todos foram contratados em Buriticupu,
no Maranhão.
1
a 31/5/2002
Realizada
mega-operação do Grupo Móvel no sul e
sudeste do Pará, envolvendo, pela primeira vez conjuntamente,
representantes do Grupo Móvel, Polícia Federal,
Ministério Público federal, Ministério
Público do Trabalhão, INSS e Ibama. Foram libertados
mais de 400 trabalhadores rurais, em nove fazendas, a grande
maioria em regime de trabalho escravo. Todos foram pagos.
Foi apreendido um ônibus particular com 45 trabalhadores
do Maranhão, voltando de uma fazenda do município
de São Félix do Xingu, sem terem sido pagos.
O fazendeiro foi obrigado a pagar o que devia.[9]
24/5/2002
Antônio
Ferreira da Costa é encontrado pela segunda vez em
menos de seis meses pelo grupo móvel, trabalhando em
condições subumanas na Fazenda Califórnia,
próximo a Marabá. Sem emprego, o trabalhadores
libertados pelos fiscais do Ministério do Trabalho
tendem a voltar a trabalhar por comida, especialmente, em
fazendas do Mato Grosso, Maranhão e Pará.[10]
8/6/2002
Dez
fiscais do Grupo Móvel do Ministério do Trabalho
e agentes da Polícia Federal são assaltados
por 12 homens armados numa estrada de Marabá, sul do
Pará. Os agentes federais estavam investigando denúncias
sobre trabalho escravo em fazendas locais. Nos últimos
meses, centenas de trabalhadores escravos foram libertados
de fazendas daquela região, muitas das quais contratam
pistoleiros para sua segurança.[11]
15/6/2002
a 15/8/2002
Nas
cidades de Ananás e Angico, norte do Tocantins, foram
devolvidos às famílias seis cadáveres
de trabalhadores mortos em empreitas irregulares no sul do
Pará: dois na fazenda 3J, de Joaquim do Tato,
quatro na fazenda Pista 1, de Aldemir Lima Nunes Branquinho,
ambas do município de São Félix do Xingu
(PA) e somando mais de 500 alqueires de derrubada; da mesma
fazenda Pista 1, um quinto morto, sem nome, foi sepultado
pelo gato Tucumã.[12]
1/7/2002
Frei
Henri des Roziers envia carta, em nome da coordenação
da Campanha da CPT de Combate do Trabalho Escravo, ao secretário
de Estado dos Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro,
manifestando a extrema preocupação sobre a situação
do sul e sudeste do Pará. A carta diz que desde o assalto
contra a equipe móvel do coordenador Paulo César
lima e da Polícia Federal, ocorrido em 8 de junho de
2002, nenhuma operação de fiscalização
foi realizada até o dia 1/7/2002, apesar de várias
denúncias. Atualmente, essas denúncias
documentadas revelam a prática de trabalho escravo
em 16 fazendas, envolvendo 392 trabalhadores, ainda nessas
fazendas, e 77 que já conseguiram sair, ameaçados,
acidentais, sem serem pagos.[13]
10/7/2002
Frei
Henri des Roziers envia carta, em nome da coordenação
da Campanha da CPT de Combate ao Trabalho Escravo, ao Gertraf,
manifestando preocupação sobre a situação
do sul e sudeste do Pará. Diz: Desde janeiro
até fim de junho de 2002, no sul e sudeste do Pará,
houve 1.853 trabalhadores escravizados ou em condições
degradantes de trabalho escravo, enquanto em 2001, pelo ano
inteiro, houve 1.264. Há mais de um ano que não
se realizou nenhuma operação de fiscalização
na região de São Félix do Xingu e Iriri,
conhecida publicamente como aquela de mais concentração
de derrubadas, queimadas e trabalho escravo. Sobre a
impunidade: Por causa da impunidade, a prática
de trabalho escravo se generaliza como mostram claramente
as estatísticas mencionadas. Os casos de reincidência
provam também isso.[14]
3/8/2002
Reportagem
do Jornal do Brasil informa que fiscais do Ministério
do trabalho localizaram 38 trabalhadores submetidos a trabalho
escravo no Sul do Pará. Eles estavam na Fazenda Riqueza,
em São Félix do Xingu. Eram 36 homens e 2 mulheres.[15]
10/8/2002
Frei
Xavier Plassat, da CPT, denuncia que, entre 5 de junho e 7
de agosto de 2002, oito trabalhadores foram mortos em empreitas
irregulares no sul do Pará: Jaime Martins da Silva,
Cícero Pereira da Silva, Carlos Dias, Jorge Bispo da
Silva, Odonildo Ives de Oliveira e três trabalhadores
não identificados. Frei Xavier encerra a carta, dizendo:
A multiplicação assustadora dos casos
relatados na região do sul do Pará é
diretamente ligada à total impunidade graças
à qual fazendeiros e gatos assassinos continuam construindo
sua prosperidade pessoal sobre o cadáver de trabalhadores
tratados pior que animais.[16]
13/8/2002
Organizações
do governo e da sociedade civil entregam sugestões
que alteram a Constituição da República,
o Código Penal e as Normas Reguladoras do Trabalho
Rural. Está incluída aí a proposta de
uma emenda ao artigo 109 da Constituição Federal,
que não esclarece se os casos devem ser julgados em
âmbito estadual ou federal. O grupo pede também
a expropriação de terras onde houver trabalho
escravo, o fortalecimento das multas contra esses empregadores
e que o Ministério do Trabalho crie varas especiais
no sul do Pará, além de um juizado itinerante
na região.[17]
15/8/2002
Frei
Xavier Plassat, da CPT, envia carta ao Dr. Paulo Sérgio
Pinheiro, secretário de Estado de Direitos Humanos
e presidente da Comissão Especial de Combate ao Trabalho
Escravo e do Trabalho Infantil, mostrando a avaliação
da fiscalização realizada de 26 de julho a 14
de agosto pelas três equipes postas em campo entre Marabá,
Iriri e Xinguara. Diz:
As
fiscalizações realizadas têm possibilitado
a investigação de denúncias em 11 fazendas
e permitido o resgate de cerca de 250 trabalhadores.[18]
25/8/2002
O
frei Henri des Roziers, da CPT, informa que desde o dia 21
de agosto de 2002 a equipe do Grupo Móvel do Ministério
do Trabalho, coordenado pela Dra. Valderez Rodrigues Monte,
e sob a proteção da Polícia Federal,
se encontrava na fazenda Rio Dourado, município de
Cumarú do Norte, sul do Pará, junto com 136
trabalhadores rurais abandonados pelos responsáveis
da fazenda. Depois de oito dias de negociação,
a fazenda tinha se comprometido a pagar os trabalhadores que
não recebiam salários há mais de dois
meses. Em fevereiro de 2001, 48 trabalhadores, dentre os quais
mulheres e crianças, já tinham sido retirados
pela equipe móvel. Eles não eram pagos, passavam
fome, estavam doentes e ameaçados por pistoleiros.[19]
27/8/2002
Grupo
Móvel do Ministério do Trabalho liberta 36 trabalhadores
que viviam como escravos na fazenda Rio Dourado, em Cumarú
do Norte, sul do Pará. A Procuradoria do Trabalho constatou
que as carteiras de trabalho eram assinadas, mas os pagamentos
aos trabalhadores não eram feitos, além dessas
pessoas estarem vivendo em condições insalubres.[20]
29/8/2002
Grupo
Móvel do Ministério do Trabalho flagra 87 carvoeiros
trabalhando em regime de escravidão na Fazenda Bonito.
A carvoaria foi interditada.[21]
4/9/2002
Informações
da Agência Brasil mostram que o presidente do Tribunal
Superior do Trabalho, ministro Francisco Fausto, pediu a atenção
do presidente Fernando Henrique Cardoso para a importância
de medidas drásticas contra o trabalho forçado.
Houve aumento nos focos de utilização de trabalhadores
escravos na Amazônia, especialmente no Pará.[22]
Reportagem
da Revista Veja informa que, naquela semana, o deputado Inocêncio
Oliveira (PFL-PE) seria formalmente acusado de escravizar
58 trabalhadores na fazenda Caraíbas, no Maranhão,
de sua propriedade. A matéria revela que a revista
teve acesso ao relatório da fiscalização
do Ministério do Trabalho, mostrando que nos três
primeiros meses de 2002 os trabalhadores foram submetidos
a trabalho forçado, incluindo um menor de idade. Segundo
a reportagem, o relatório mostra que o fazendeiro
Inocêncio Oliveira não oferecia água potável
aos empregados, que não havia instalações
sanitárias, que a moradia dos trabalhadores era coletiva
e que nenhum deles desfrutava o elementar direito de ir e
vir.[23]
Frei
Xavier Plassat, coordenador da Campanha da CPT contra o Trabalho
Escravo, envia cata ao presidente da Comissão Especial
de Combate ao Trabalho Escravo e ao Trabalho Infantil, Paulo
Sérgio Pinheiro, denunciando a falta de dinheiro para
o trabalho do Grupo Móvel de Fiscalização
do Ministério do Trabalho. Do conjunto as denúncias
apresentadas pela CPT no Pará até o momento,
o Grupo Móvel conseguiu investigar somente 35 fazendas,
deixando sem fiscalização outras 32, onde, segundo
depoimentos prestados por trabalhadores fugitivos, temos informação
de várias mortes, extensas derrubadas, e onde mais
de 1.150 trabalhadores aguardam o resgate de sua liberdade.[24]
A
associação dos Juízes Federais do Brasil
(Ajufe) divulga nota em que afirma ser inteiramente contrária
a transferência da competência para julgar os
crimes contra a organização do trabalho
incluindo-se aí o trabalho escravo da Justiça
Federal para a Justiça Trabalhista.[25]
6/9/2002
Reportagem
do Jornal do Brasil informa que a falta de verbas impede o
Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério
do Trabalho de visitar 32 fazendas no Pará sobre as
quais pesam denúncias de trabalho escravo. Nessas fazendas
há 1.150 trabalhadores. Das 67 fazendas no Pará
denunciadas por trabalho escravo este ano, apenas 35 foram
visitadas pelos fiscais do Ministério do Trabalho devido
ao corte de verbas.[26]
8/9/2002
Fiscais
do Ministério do Trabalho libertam 87 trabalhadores
em regime de escravidão na Fazenda Bonito, município
de Água Clara, Mato Grosso do Sul. A fazenda foi interditada.
Os trabalhadores eram funcionários da carvoaria Carboniza.
A operação durou 11 dias. Segundo reportagem
da Folha de S.Paulo, os 87 trabalhadores vinham sendo
mantidos, há vários meses, apenas com comida
e bebida alcoólica, chegando a trabalhar até
16 horas por dia.[27]
12/9/2002
O
procurador geral do Trabalho, Guilherme Mastrich Basso, encaminha
relatório sobre a Fazenda Caraíba, antiga propriedade
de Inocêncio Oliveira, ao procurador-gral da República,
Geraldo Brindeiro. O relatório traz indícios
de que 58 pessoas contratadas pela fazenda trabalhavam em
regime de escravidão. De acordo com reportagem do Jornal
do Brasil, a procuradora-regional do Trabalho no Maranhão,
Márcia Andréa Farias, ajuizou, na semana anterior,
duas ações contra o deputado na Vara do Trabalho
de Barra do Corda, interior do Estado, onde está localizada
a fazenda Caraíba. A primeira é uma ação
civil pública, que visa a impedir que Inocêncio,
ou o atual proprietário da Fazenda Caraíba,
contrate empregados utilizando os mesmos métodos adotados
no início deste ano. A segunda é uma ação
civil coletiva, por danos morais, calculando uma indenização
de R$ 20 mil para cada um dos 58 trabalhadores.[28]
Primeira
quinzena de setembro
Fiscais do Ministério do Trabalho localizam 60 trabalhadores
escravos na agropecuária Rio Largo, sul do Pará.
Em março de 2000 foram encontrados trabalhadores sem
salário em outra fazenda da mesma empresa. Foi firmado,
na época, um acordo entre a agropecuária e o
Ministério Público para a regularização
dos trabalhadores. Apesar de no papel cumprirem o acordo e,
inclusive, enviarem cópias de recibos de recolhimento
de impostos dos funcionários (assinados pelos trabalhadores
de forma forçada), na prática, os trabalhadores
permaneciam sem receber salários.[29]
18/9/2002
Secretaria
Nacional e Justiça recebe do Tribunal Superior do Trabalho
duas propostas para o combate ao trabalho escravo: criação
de varas do trabalho itinerantes para irem aos locais onde
há denúncias, colher reclamações
das vítimas e preparar um anteprojeto de lei para transferir
o julgamento de questões sobre o trabalho forçado
para a Justiça do Trabalho.[30]
24/9/2002
Começa
em Brasília a 1ª Jornada de Debates sobre o Trabalho
Escravo, uma iniciativa das justiças Federal e do Trabalho,
do Ministério Público da União, da Polícia
Federal e do Ministério do Trabalho e Emprego, com
o apoio da Organização Internacional do Trabalho
(OIT).[31]
25/9/2002
Às
4h, quatro tiros foram disparados contra a residência
do juiz de Xinguara, Cristiano Arantes e Silva. As balas furaram
o portão de ferro e bateram nas paredes da casa. SEgundo
a CPT, o caso foi denunciado no Tribunal de Justiça
do Pará e na Secretaria de Segurança do Estado.[32]
26/9/2002
Libertados
38 trabalhadores escravos na fazenda Santa Luzia, em Itupiranga,
no Pará. Em matéria do jornal Folha de S.Paulo,
Paulo Mendes, coordenador do Grupo Móvel que libertou
o grupo, os funcionários viviam em condições
subumanas. Os trabalhadores dormiam em barracos de lona.
Encontramos até sapos na água que eles usavam
para beber.[33]
16/10/2002
O
presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Francisco
Fausto, diz que a descoberta, pela Polícia Federal
e Ministério do Trabalho de 180 pessoas, inclusive
crianças de 4 a 10 anos, trabalhando em regime análogo
à escravidão, numa fazenda na divisa do Pará
como Maranhão, significa que essa forma desumana de
exploração de trabalhadores ainda não
foi combatida devidamente no País, nem o será
enquanto o governo não tomar providências enérgicas
nesse sentido. Essas pessoas trabalhavam há quatro
meses na colheita de pimenta-do-reino em Dom Eliseu )Pará),
na Fazenda Senor. O presidente do TST insistiu a necessidade
de o governo adotar medidas punitivas mais graves e a expropriação
das terras em que for detectada exploração do
trabalho escravo.[34]
Polícia
Federal prende em Ananás, região Norte do Estado,
cinco acusados de aliciar homens para trabalhar em regime
de escravidão em fazendas no estado do Pará.
São eles: Francisco Silva Santos, Francisco Soares
Silva, Hugo Araújo Cardoso, Daniel Pereira da Silva
e Alcides Martins Menezes.
18/10/2002
O
delegado da Polícia Federal em Araguaína (Tocantins),
José Glayston Araújo dos Santos, começa
a tomar os depoimentos dos acusados de aliciamento de trabalhadores
rurais, detidos no município de Ananás. Francisco
Silva Santos, Francisco Soares Silva, Hugo Araújo Cardoso,
Daniel Pereira da Silva e Alcides Martins Menezes são
acusados de aliciar cerca de 190 trabalhadores rurais da região
de Ananás para trabalharem em fazendas paraenses.[35]
20/10/2002
CPT
pede ao Governo mais agilidade na apuração dos
casos de trabalhadores em situação análoga
à escravidão e o aumento da fiscalização.
A comissão calcula a existência de 3.200 pessoas
nessa situação apenas em áreas do Pará.
Em 2001 eram 24 fazendas denunciadas no Pará pela utilização
de mão-de-obra escrava. Este ano já são
80.[36]
21/10/2002
Fiscais
do Ministério do Trabalho e policiais federais libertam
57 trabalhadores escravos de uma fazenda de Xinguara, sul
do Pará. No final d e semana anterior, os agentes do
governo foram ameaçados de morte em um hotel onde se
hospedavam na cidade.[37]
22/10/2002
CPT
no Piauí denuncia que cerca de 5 mil trabalhadores
piauieses estão sendo escravizados em vários
estados brasileiros. O levantamento foi feito em 222 municípios
do Piauí. Segundo a religiosa Darcila Antonielli, da
CPT, atualmente, desses cinco mil trabalhadores, mil
estão desaparecidos e não se tem nenhuma notícia
deles. Alguns já são dados como mortos.[38]
O
jornal Folha de S.Paulo publica reportagem sobre trabalho
escravo, na qual mostra que, segundo dados da CPT, pelo menos
30 trabalhadores rurais e lideranças ligadas à
questão agrária figuram em uma lista de marcados
para morrer no sul e no sudeste do Estado. Dados da
CPT indicam que, de janeiro a agosto deste ano, foram denunciados
2.200 trabalhadores em regime escravo no Pará, sendo
que 1.613 destes foram libertados pelo grupo móvel.
No ano 2000, foram 537. No ano passado o número saltou
para 1.287.[39]
23/10/2002
É
publicada medida provisória que assegura o pagamento
de seguro-desemprego ao trabalhador resgatado da condição
análoga à de escravo.
24/10/2002
Estudo
da CPT mostra o Brasil tem cerca de 15 mil trabalhadores vivendo
em situação de escravidão. O Pará
é o estado com maior incidência, seguido pelo
Maranhão, Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul. Nos últimos três anos, no Pará,
o número de denúncias passou de 462, em 1999,
para 3,8 mil, em 2002.[40]
O
presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Francisco
Fausto, destacou a iniciativa do governo federal que editou
a Medida Provisória 74/02, assegurando o pagamento
de seguro-desemprego ao trabalhador submetido a regime de
trabalho forçado ou escravo. A providência do
governo, contudo, não é vista pelo presidente
do TST como a solução do grave problema. É
claro que isso não é suficiente para erradicar
o trabalho escravo, pois a medida provisória em nada
onera o escravagista, mas tão somente o Poder Público
incapaz de reprimir esta prática reprovável.[41]
25/10/2002
Reportagem
do jornal Correio do Estado mostra que a juíza do Trabalho
Patrícia Braga Medeiros, que atua na Vara do Trabalho
de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, condenou a carvoaria
Carboniza e a Agropeva Indústria e Comércio
Ltda, acusadas de exploração de mão-de-obra
escrava no município de Água Clara, a pagarem
R$ 10 mil ao trabalhador Gerson Antônio Trocato. Os
valores correspondem ao pagamento de salários atrasados,
horas-extras, férias e 13º salário.[42]
8/11/2002
Brasil,
Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia firmam
acordo para acabar com a imigração ilegal na
América do Sul. Matéria do jornal O Estado de
S.Paulo informa que, pelo acordo, qualquer pessoa poderá
usufruir dos direitos civis e trabalhistas em todos os seis
países, a partir do momento que obtenha um visto permanente.[43]
O acordo pode colaborar com a diminuição dos
casos de trabalhadores escravos, principalmente, nas zonas
urbanas, onde está localizada a maior parte dos estrangeiros
advindos dos países vizinhos do Brasil.
--------------------------------------------------------------------
[1]
Jornalista e pesquisadora da Rede Social de Justiça
e Direitos Humanos
[2]
Revista IstoÉ
[3]
Jornal O Globo
[4]
Agência Estado
[5]
Folha de S.Paulo
[6]
Jornal do Brasil
[7]
O Estado de S.Paulo
[8]
O Liberal
[9]
Informe da CPT
[10]
O Globo
[11]
O Liberal
[12]
Informe da CPT
[13]
Informe da CPT
[14]
Informe da CPT
[15]
Jornal do Brasil
[16]
Informe da CPT
[17]
Jornal do Brasil
[18]
Informe da CPT
[19]
Informe da CPT
[20]
Folha de S.Paulo
[21]
Correio do Estado
[22]
Diário de Cuiabá
[23]
Revista Veja
[24]
Informe da CPT
[25]
Assessoria de imprensa da Ajufe
[26]
Jornal do Brasil
[27]
Folha de S.Paulo e Correio do Estado
[28]
Jornal do Brasil
[29]
Correio Braziliense
[30]
Folha de S.Paulo
[31]
Jornal do Brasil
[32]
Folha de S.Paulo
[33]
Folha de S.Paulo
[34]
Tribunal Superior do Trabalho
[35]
Jornal de Tocantins
[36]
Folha de S.Paulo
[37]
Folha de S.Paulo
[38]
Agência JB
[39]
Folha de S.Paulo
[40]
Agência Estado
[41]
Tribunal Superior do Trabalho
[42]
Correio do Estado
[43]
O Estado de S.Paulo
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