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O desembargador Hilo de Almeida Sousa decidiu na tarde desta terça (19) pela reintegração de posse do povo Gamela no território indígena Morro D’Água, no município de Baixa Grande do Ribeiro, no sul do Piauí.  A comunidade deve agora entrar na justiça para que Bauer Souto dos Santos e o Estado sejam responsabilizados por despejo ilegal durante a pandemia e para que reparem os danos materiais e morais às pessoas da comunidade.

Entenda o caso
Na tarde da última quinta-feira (14), o juiz Francisco das Chagas Ferreira, de Gilbués (PI) expediu e executou uma liminar com ordem de despejo em ação movida por Bauer Souto dos Santos contra a liderança indígena Gamela Adaildo José Alves da Silva, cuja família ocupa Morro D’Água há gerações.

Como forma de repressão, houve ainda a destruição de cercas, a retirada dos bens da casa da família e o incêndio de um galpão. No domingo (17), o grileiro voltou a ameaçar os indígenas de morte.

Adaildo José Alves e sua família são indígenas Gamela, que residem e trabalham de maneira ancestral no território há quase cem anos. O território, que possui cerca de 1500 ha é reivindicado como terra tradicionalmente ocupada pelo Povo Gamela no âmbito da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

Reconhecimento do direito à terra é fruto de pressão popular

O reconhecimento do direito à terra foi resultado da organização da comunidade e sua articulação junto à Comissão Pastoral da Terra - Piauí, Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, AATR e diversas entidades que se mobilizaram em defesa dos direitos do povo Gamela de Morro D’Água.

“Agradecemos o apoio de todas as entidades nessa luta em solidariedade aos Gamela. Seguiremos denunciando a grilagem de terra e a violência no campo no Piauí. Repudiamos essa prática e reafirmamos o direito das comunidades tradicionais em permanecerem na terra”, afirma Altamiran Ribeiro, da CPT-Piauí.