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Introdução

A Rede Social de Justiça e Direitos Humanos vem se dedicando há mais de duas décadas a pesquisar políticas agrícolas e fundiárias no Brasil e, mais recentemente, os impactos sociais e ambientais da financeirização da agricultura e da terra. Este acompanhamento se dá por meio de investigação sistemática, com análise de dados, entrevistas, trabalhos de campo e estreito vínculo com comunidades rurais e movimentos sociais.

Este relatório inclui uma atualização de tendências recentes sobre a agroindústria da soja no Brasil. Nos últimos meses de 2021, após a reabertura econômica de diversos países que estabeleceram restrições em 2020 para conter a pandemia de Covid-19, verifica-se uma acelerada subida nos preços das commodities nos mercados de futuros internacionais. Tal subida vem impulsionando significativa expansão do monocultivo da soja no país, assim como o aumento do preço da terra agrícola.

Para compreendermos
estabelece a relação entre mercados financeiros de derivativos de commodities e seu processo produtivo na chamada “economia real”, assim como seu impacto nos mercados de terras agrícolas no Brasil, apresentaremos um breve histórico da produção de soja no país. O processo de modernização e industrialização deste setor tem início entre as décadas de 1960 e 1970, impulsionado pela financeirização da economia global. Este processo estabeleceu as características mais recentes do agronegócio da soja no século XXI e seus movimentos após o estouro da bolha das commodities, durante o período entre 2002 e 20121, desencadeado pela crise econômica mundial e pela redução da velocidade do crescimento econômico na China.

Em maio de 2021, o preço da soja atingiu 643 US$ por tonelada, ultrapassando o relevante pico que antecedeu a crise financeira mundial de 2008, de 637 US$ por tonelada, em julho daquele ano2. Como consequência, empresas do agronegócio buscam “aproveitar” a alta dos preços, o que move um processo de endividamento da cadeia produtiva e de expansão da produção de soja, de seus derivados e da área plantada.

A expansão em área atinge particularmente o Cerrado e a Amazônia. Nos últimos 20 anos, a região do MATOPIBA (acrônimo dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), no Norte e Nordeste, tem sido o principal foco da expansão do monocultivo de soja. De acordo com dados do MapBiomas, nos últimos cinco anos 76% da expansão da fronteira agrícola no MATOPIBA ocorreu sobre áreas de vegetação nativa e a principal causa deste desmatamento foi a expansão das plantações de soja. Os monocultivos de soja ocupam cerca de 38,5 milhões de hectares, aproximadamente 4,3% de todo o território brasileiro, sendo metade desta ocupação no bioma Cerrado3.

Para ilustrar os impactos da agroindústria da soja, realizamos pesquisas nesta região do Cerrado, que é a savana com maior biodiversi- dade do mundo, conhecida como “berço das águas” e que abriga diversos territórios de comunidades camponesas, quilombolas e indígenas. A expansão do monocultivo da soja promove queimadas, desmatamento, grilagem de terras, contaminação do solo, dos rios e da produção de alimentos de comunidades rurais. Outro impacto é a precarização do trabalho nas fazendas de soja, que muitas vezes é análoga à escravidão, gerando pobreza e fome.

Relatório PDF

 

EXPEDIENTE

Desmatamento, grilagem de terras e financeirização: Impactos da expansão do monocultivo da soja no Brasil

Texto: Fábio Pitta, Maria Luisa Mendonça e Daniela Stefano

Pesquisa: Bruno Spadotto, Daniela Stefano, Fábio Pitta e Maria Luisa Mendonça

Apoio e colaboração com a pesquisa: Comissão Pastoral da Terra-Piauí, Associação de Advogadas/os de Trabalhadoras/es Rurais, AidEnvironment e Friends of the Earth

Fotos: Bruno Spadotto, Daniela Stefano, Leticia Luppi e Mariella Paulino

Diagramação: Fábio Carvalho ISBN: 978-85-99022-08-5 Maio de 2022 www.social.org.br