B)Significado para governos e empresas
No
comércio, a proposta da ALCA sustenta a velha posição
de exigir dos latino-americanos o desarmamento aduaneiro e
a total abertura e transparência dos mercados, enquanto
os EUA mantêm intacto seu sistema de subsídios,
suas barreiras não-aduaneiras e suas medidas antidumping.
Com
relação a investimentos de capital,
se pretende adotar uma definição tão
ampla de investimento que qualquer ação
do capital norte-americano ficará incluída dentro
da rede de proteção e privilégio que
seria montada.
É
o capital que impõe aos Estados uma lista das chamadas
normas de desempenho. Por elas, os Estados não
só deixam de regular a atuação do capital
norte-americano, como aceitam
ser regulados por ele. Os governos nem ao menos poderão
decidir que o capital empregue qualquer porcentagem de matérias-primas
nacionais ou que exporte parte do que foi produzido no país.
Qualquer
ação de um governo até uma norma
ambiental apontada por empresa norte-americana como
causadora de diminuição de seu lucro esperado
poderá ser classificada dentro das medidas de
efeito equivalente a uma nacionalização.
Isto permite o uso do princípio jurídico da
relação empresa-Estado. Tal princípio
obriga o Estado a entregar sua soberania porque aceita que
a empresa o denuncie. Essa denúncia seria julgada por
um tribunal internacional, fora da jurisdição
das leis nacionais do Estado denunciado, provavelmente, em
Washington.
Quanto
à propriedade intelectual, os EUA, por meio da ALCA,
pretendem utilizar sua superioridade em termos de patentes,
para bloquear o desenvolvimento médico e farmacêutico.
Pretendem manter também o monopólio comercial
sobre resultados do conhecimento (incluído o tratamento
contra a AIDS, p. ex.) e saquear os recursos da biodiversidade
e conhecimentos tradicionais da América Latina.
Nas
compras do setor público, os EUA não vão
permitir que os governos federal, estaduais ou municipais
prefiram fazer suas compras com empresas nacionais. Propõem
que estas sejam feitas com as empresas que tenham maior experiência
e volume de negócios, o que equivale a identificar
as empresas norte-americanas.
Quanto
à concorrência, os EUA pretendem que os governos
latino-americanos, com a ALCA, renunciem a regular o mercado.
E que se conformem em ser uma agência com
a simples função de zelar para que nenhum monopólio
oficial possa distorcer o livre funcionamento do mercado.
Os
empresários poderão transferir suas empresas
para países com menos direitos sociais, provocando
uma guerra fiscal continental. Além disso,
a importação, sem restrições,
de mercadorias mais baratas, produzidas em países com
direitos sociais e salários rebaixados tanto provocará
a falência de empresas como o aumento do desemprego.
Quais
as ameaças para as pequenas e médias
empresas e para os trabalhadores latino-americanos?????
Leia
mais:
APRESENTAÇÃO
I.
O que é a proposta da ALCA
- A tarefa
dos nove Grupos de Trabalho que negociam os termos da
ALCA
- 11 de
Setembro, fast track e ALCA
II.
O contexto histórico e geopolítico
- A) Para
compreender o que é Livre Comércio
- B) Entender
os EUA - para entender a ALCA
- C) Estratégia
geral dos Estados Unidos
- D) A estratégia
dos EUA para as Américas
- E) A estratégia
dos EUA e a ALCA
III.
ALCA - O que pode acontecer aos povos
latino-americanos
- A) ALCA
- Beneficiar poucos e prejudicar muitos
- B) Significado
para Governos e Empresas
- C) Conseqüências
da ALCA
IV.
Luta continental contra a ALCA
V.
O Plebiscito sobre a ALCA no Brasil
VI.
Datas e eventos fundamentais da
Campanha Nacional
VII.
Datas e eventos fundamentais da
Campanha Continental
VIII.
Uma outra América é
possível
IX.
Bibliografia
Voltar
|